A fotografia da comunidade da Rocinha insere-se no contexto histórico de exclusão social que marcou o Brasil após a abolição da escravidão. Com o fim do regime escravista em 1888, as políticas públicas voltadas para a população negra foram praticamente inexistentes, resultando na marginalização dos ex-escravizados e seus descendentes. Sem acesso a terras, moradia digna e oportunidades de trabalho formal, muitas dessas pessoas foram forçadas a ocupar territórios periféricos nas cidades, dando origem a comunidades como a Rocinha, no Rio de Janeiro.
Ao longo do século XX, a Rocinha se consolidou como uma das maiores favelas do Brasil, refletindo um processo de urbanização marcado pela desigualdade. A repressão a manifestações culturais de matriz africana, combinada com a falta de políticas inclusivas, contribuiu para a manutenção de um ciclo de pobreza e exclusão. No entanto, apesar das adversidades, a Rocinha também se tornou um espaço de resistência e produção cultural, abrigando expressões artísticas, musicais e comunitárias que reafirmam a identidade afro-brasileira.
Dessa forma, a fotografia da comunidade da Rocinha documenta não apenas a realidade urbana e social do Brasil contemporâneo, mas também as consequências de um passado de desigualdade estrutural. Ela pode servir como um registro visual da luta por direitos, da resiliência das populações marginalizadas e da riqueza cultural que emerge nesses territórios.