No início do século XIX, uma nova rota do tráfico, ligando o Brasil ao golfo do Benim, na África, trouxe ao país milhares de africanos de origem iorubá. Levados principalmente para a cidade de Salvador e o Recôncavo Baiano, eles foram utilizados, em sua maioria, como mão-de obra escravizada em serviços urbanos e domésticos. Mantendo-se fiéis aos ritos que celebram seus deuses – os orixás –, os iorubás ampliaram ainda mais a influência africana sobre nossa língua e cultura. Em 1850, o Brasil finalmente proibiu o tráfico. A escravidão só viria a ser abolida em 1888, após longo período de lutas e rebeliões. Apesar dos séculos de cativeiro, a força africana, em sua potência humana e cultural, prevaleceu. E os negros converteram-se em agentes vitais do processo histórico de nossa formação, povoando o Brasil com os seus corpos e as suas cores, os seus sonhos e os seus deuses, os seus ritos e os
seus ritmos.