Descrição
O projeto teve como objetivo organizar uma grande exposição sobre Gilberto Freyre, duas décadas após sua morte, destacando a relevância de sua obra para a compreensão da formação social do Brasil.
Polêmico e inovador, Freyre foi amplamente celebrado nas décadas de 1940 e 1950, duramente criticado entre os anos 1960 e 1970, e voltou a ter seu legado reconhecido a partir dos anos 1980. Com a mostra, o Museu da Língua Portuguesa somou-se aos estudiosos que reconheceram a importância pioneira e revolucionária de sua contribuição à análise da sociedade brasileira.
A exposição destacou a repercussão de Casa Grande & Senzala, lançado em 1933, que revolucionou os estudos históricos ao valorizar a vida cotidiana de escravos e senhores, além de exaltar a herança africana na formação de uma sociedade mestiça. Apesar das críticas — que chegaram a tachar a obra de pornográfica e subversiva —, o livro se tornou um dos maiores clássicos da literatura brasileira, com dezenas de edições e traduções em 14 países.
A mostra também apresentou a vasta produção intelectual de Freyre, composta por 81 títulos que abordaram temas como sociologia, antropologia, literatura, urbanismo, ecologia e culinária — área em que foi considerado um precursor do conceito de patrimônio imaterial.
Além de intelectual, Freyre teve atuação destacada na vida pública: fundou o Centro Regionalista em 1924, organizou a Semana Regionalista em Pernambuco e, em 1942, foi preso ao denunciar o racismo de um padre alemão. Foi eleito deputado federal e participou da Assembleia Constituinte de 1946, além de apresentar propostas contra o racismo na ONU.
A exposição buscou apresentar o pensamento e a trajetória de Gilberto Freyre a um público mais amplo, extrapolando os círculos acadêmicos. Por meio de textos, imagens, documentos, fotografias e obras de arte, o Museu da Língua Portuguesa convidou os visitantes a refletirem sobre as ideias de Freyre e seu impacto na história do país, incentivando a formação de leitores críticos e cidadãos conscientes.