Descrição
A exposição O Francês no Brasil em Todos os Sentidos apresentou um mosaico da presença francesa no Brasil por meio da palavra. Curada por Álvaro Faleiros, a mostra explorou os sentidos sensorial, espacial e temporal da influência linguística e cultural francesa no país.
Logo na entrada do primeiro andar, onde ocorrem as exposições temporárias, o público era recebido por uma instalação cenográfica composta por viadutos metálicos e vias iluminadas por LEDs, por onde trafegavam palavras de origem francesa presentes no português. A frase “Em nosso idioma, mais de 5.000 palavras têm origem francesa” introduzia o percurso expositivo.
A cenografia, assinada por André Cortez, conduzia o visitante por uma cidade conceitual, construída por meio de elementos urbanos e históricos que revelavam o entrelaçamento das identidades francesa e brasileira. A jornada começava com um grande painel histórico, que cobria do início das relações comerciais em 1505 até a inauguração de Brasília, em 1960, ressaltando o diálogo entre Niemeyer e Le Corbusier.
O Corredor dos Poetas reunia quatro duplas de autores brasileiros e franceses, unidos por estilo e época: Victor Hugo e Castro Alves, Baudelaire e Cruz e Sousa, Blaise Cendrars e Oswald de Andrade, Mallarmé e Haroldo de Campos. Os textos eram exibidos nos dois idiomas.
Na Praça, o visitante era transportado ao Maio de 1968, através de frases emblemáticas como “Seja realista, peça o impossível” e “O tédio é contra-revolucionário”. Elementos interativos e poéticos, como um pedestal sem estátua e um céu formado por solas de sapato, criavam uma atmosfera lúdica e reflexiva. A canção Alegria, Alegria, de Caetano Veloso, entremeada por narração mencionando Sartre, completava o ambiente.
O Gabinete de Ciências evidenciava o uso do francês na linguagem científica, com palavras como technologie, cinéma, microphone e vibration. No Bulevar dos Falsos Cognatos, o público descobria significados inesperados de termos como baffe (bofetada) e faire des chichi (frescura), em uma cenografia inspirada no centro Georges Pompidou, de Paris.
A influência francesa no balé era destacada por meio de imagens de uma bailarina em São Paulo, demonstrando passos com nomes franceses originais. Placas dançantes revelavam a origem da quadrilha nas Festas Juninas — uma tradição que, embora comum no Brasil, já não existe mais na França.
A exposição também explorava outras conexões urbanas, como a semelhança entre o Campo de Marte, em São Paulo, e o Champs de Mars, em Paris, e entre os Campos Elíseos e os Champs-Élysées. Equipamentos urbanos como ônibus forrados com tecidos de origem francesa e uma banca de jornal com a revista Croqui mostravam a presença da França na moda brasileira.
Na área dedicada à gastronomia, o ator Fernando Alves Pinto interpretava um garçom em vídeos exibidos em monitores, enquanto um cardápio dividido por regiões francesas evidenciava o impacto da culinária francesa no cotidiano brasileiro.
Um mapa-múndi com os dizeres “Francês: língua oficial” e vídeos gravados em diversos países — incluindo o Brasil, no Rio Oiapoque — mostravam a presença global do idioma.
A exposição ofereceu um percurso imersivo, informativo e sensorial, revelando as múltiplas camadas da influência francesa no Brasil por meio da linguagem, da cultura e da história compartilhada.