Nesta sala, intitulada "Achados e Perdidos", a exposição mergulhava no território sensível onde Clarice Lispector buscava compreender o mundo – não pela lógica, mas pelo espanto, pelo afeto, pelo silêncio que paira entre as palavras.
Fragmentos de sua obra — extraídos de livros como "A Maçã no Escuro", "A Descoberta do Mundo", "Água-viva", "Um Sopro de Vida" e "A Hora da Estrela" — foram reunidos para revelar uma escrita que se dá no intervalo entre o humano e o inumano, entre o que se nomeia e o que escapa. A beleza de uma árvore, a liberdade sem culpa de um cão, a vastidão incompreensível do mar: tudo aquilo que, para muitos, parece banal ou indecifrável, para Clarice era matéria viva de poesia.
A ambientação delicada, repleta de sons mínimos e luzes suaves, criava uma atmosfera onde o visitante podia se perder em pensamentos, à semelhança da escritora que “só trabalhava com achados e perdidos”. Era um convite a acessar o mundo não pelo que se entende, mas pelo que se sente. Porque, como Clarice escreveu, “um dos indiretos modos de entender é achar bonito”.