O Nkisi é uma escultura típica da República Democrática do Congo, inserida em um contexto histórico e cultural profundamente enraizado nas tradições dos povos bantos. A produção dessas peças está ligada a práticas espirituais e religiosas, onde os Nkisi funcionavam como objetos de poder, proteção e mediação entre o mundo material e o espiritual. Os bantos, que ocupam uma vasta região da África subsaariana, desenvolveram técnicas artísticas refinadas desde a Antiguidade. Evidências arqueológicas na região do Rio Congo indicam que, já por volta de 100 AEC, havia o domínio da metalurgia, da marcenaria e da tecelagem. Essas habilidades foram aprimoradas ao longo dos séculos, resultando em esculturas de grande expressividade e significado simbólico.
No século XV, a chegada dos portugueses trouxe novas dinâmicas às sociedades africanas, incluindo relações comerciais e conflitos. Reinos como o Kongo, Ndongo e Matamba já eram potências políticas e culturais, e a arte produzida por esses povos refletia tanto sua cosmovisão quanto suas estruturas de poder. A rainha Nzinga Mbandi, do Reino de Matamba, por exemplo, é uma figura emblemática dessa resistência e sofisticação cultural.