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PLANO de Cuíava, Mato Grosso y Pueblos de los Indios Chiquitos y Santa Cruz : sacado por õrn. de el Señor Governador D. Tomas de Lezo.

1778
additionalType
recordNumber
pobr_car_08_04
Title
PLANO de Cuíava, Mato Grosso y Pueblos de los Indios Chiquitos y Santa Cruz : sacado por õrn. de el Señor Governador D. Tomas de Lezo.
Description
Este mapa manuscrito, datado de 1778, cuja autoria é desconhecida, foi elaborado por ordem do governador D. Tomás de Lezo, então capitão‑general de Mato Grosso. Foi desenhado com tinta ferrogálica e possui dimensões aproximadas de 34,5 × 49 cm. Representa a região correspondente aos atuais estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e parte do território da Bolívia. Abrange uma extensa área da fronteira colonial espanhola e portuguesa, destacando importantes elementos geográficos, políticos e etnográficos. O mapa indica cidades como Cuiabá e Santa Cruz de la Sierra, a região dos Xarayes (no atual Pantanal), e os cursos dos rios Paraguai, Porrudos (atual São Lourenço), Mamoré e Madeira. São representadas diversas missões jesuíticas dos povos Chiquitos e Moxos (ou Mojos), além de caminhos e trilhas que conectavam diferentes áreas da colônia. O documento também identifica aldeamentos indígenas, áreas de mineração e, de forma notável, a localização de casas de pessoas escravizadas fugitivas nas proximidades das missões de Chiquitos — o que evidencia as complexas dinâmicas sociais e étnicas da região. O relevo é representado de forma pictórica, conforme o estilo cartográfico da época. Inclui uma rosa-dos-ventos com flor-de-lis e uma escala gráfica de 40 léguas espanholas (equivalente a cerca de 4,5 cm no mapa)
width
49
height
34,5
productionLocation
productionNote
Elaborado em 1778 por ordem do governador Dom Tomás de Lezo, o mapa manuscrito intitulado Plano de Cuiava, Mato Grosso y Pueblos de los Indios Chiquitos y Santa Cruz representa uma importante ferramenta cartográfica e política da administração colonial espanhola na região do atual centro-oeste brasileiro e leste da Bolívia. O documento oferece uma visão detalhada do território entre Cuiabá, o Pantanal (antigo território dos Xarayes), Santa Cruz de la Sierra e os povoados indígenas dos Chiquitos — notadamente organizados em missões jesuíticas. Sua produção insere-se em um contexto de intensificação das disputas territoriais entre os impérios espanhol e português após os Tratados de Madri (1750) e de Santo Ildefonso (1777). O mapa servia não apenas como instrumento de orientação geográfica, mas também como suporte ao controle político e militar, pois identifica missões, aldeamentos indígenas, áreas de mineração, hidrografia (rios como Paraguai, Mamoré e São Lourenço) e caminhos estratégicos da região. Também menciona áreas de refúgio de pessoas escravizadas fugidas, revelando aspectos sociais e tensionamentos locais. Apresenta ainda elementos típicos da cartografia setecentista, como rosa dos ventos e escala gráfica. Sua função era clara: mapear os limites da dominação colonial, registrar os recursos naturais e humanos disponíveis, e reforçar a presença administrativa da Coroa espanhola em uma zona fronteiriça de grande valor estratégico e cultural. Este mapa integra a Coleção Pedro De Angelis, adquirida por Dom Pedro II em 1853 para compor o acervo da então Biblioteca Pública da Corte, atual Biblioteca Nacional. A coleção foi reunida por Pedro De Angelis, político, jornalista e bibliófilo italiano naturalizado argentino, notável por seu interesse nas disputas territoriais e políticas no sul da América do Sul. Composta por 1.533 peças — entre manuscritos, impressos, mapas e litografias —, a coleção se destaca como uma das mais importantes fontes documentais sobre a formação das fronteiras, a presença indígena, e os conflitos entre os impérios português e espanhol no período colonial.
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dateCreated
1778
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