Informações gerais

Nome
A Barata
Descrição
Esta sala confrontou o público com um dos momentos mais perturbadores e icônicos da obra de Clarice Lispector: o encontro da personagem G.H. com a barata. Mais do que uma cena de nojo ou repulsa, a exposição explorou esse episódio como uma experiência de dissolução do eu e de transcendência radical. A barata, símbolo do inominável, revelou-se um portal para a desintegração da identidade. O ato de esmagá-la e, depois, de tocá-la, comê-la, foi apresentado não como gesto grotesco, mas como rito de passagem — uma tentativa desesperada de acessar a essência da matéria, da vida, do vazio. A sala foi concebida como um espaço de suspensão, onde o visitante era convidado a desacelerar e encarar seus próprios limites: do corpo, do pensamento, da linguagem. As palavras de Clarice guiavam essa travessia interior, expondo o modo como o horror, uma vez vivido, se dilui e se transforma em ideia — em memória vaga de algo que já não é mais visível, mas ainda pulsa. Ali, frente à barata, G.H. descia aos porões de si mesma. E quem entrava nesta sala era chamado, mesmo que sutilmente, a fazer o mesmo: olhar para aquilo que mais teme, e ver se, por acaso, encontra alguma forma de transcendência.

Contexto

Palavra-chave

Taxonomia