Descrição
Imagem de painel com seis pinturas atribuídas a Nuno Gonçalves apresentam um conjunto de 58 personagens reunidas em torno da dupla representação de São Vicente. Trata-se de uma composição solene e monumental que retrata uma assembleia simbólica, composta pela Corte e por diversas camadas da sociedade portuguesa do século XV, reunidas em gesto de veneração ao santo padroeiro. A obra expressa não apenas devoção religiosa, mas também uma clara celebração do ideário da expansão portuguesa, com destaque para o papel de São Vicente como figura espiritual e legitimadora das campanhas militares portuguesas no norte da África durante o período quatrocentista.
Contexto de produção
Os "Painéis de São Vicente", atribuídos a Nuno Gonçalves e datados da segunda metade do século XV, constituem um marco da pintura portuguesa do Renascimento. Produzidos durante o reinado de D. Afonso V, em um contexto de fortalecimento da monarquia e início da expansão ultramarina, os painéis refletem uma sociedade em transformação, impulsionada pelas novas rotas comerciais e pelo imaginário das descobertas.
A obra, composta por seis painéis, reúne 58 personagens de diferentes camadas sociais — membros da nobreza, clérigos, cavaleiros da Ordem de Cristo, burgueses e figuras populares — organizados em torno da figura central de São Vicente, padroeiro de Lisboa. Acredita-se que a encomenda tenha sido feita para o Mosteiro de São Vicente de Fora, com o objetivo de exaltar não apenas a figura do santo, mas também o papel da capital portuguesa como centro político, religioso e estratégico no contexto das navegações.
Ainda que não retratem diretamente o mar ou as expedições, os painéis estão profundamente associados ao espírito da expansão marítima portuguesa. A presença de ordens militares e religiosas, como a Ordem de Cristo — herdeira da Ordem dos Templários e financiadora das primeiras viagens —, revela a estreita relação entre fé, poder e conquista, elementos centrais para a legitimação do projeto imperial português.
Motivo da Entrada
Item incorporado ao acervo para compor a nova Exposição de Longa Duração do Museu da Língua Portuguesa, reformulada após o incêndio de 2015. A imagem integra o núcleo como parte do processo histórico da expansão marítima.