Cultura e opulência do Brasil, por suas Drogas e Minas
Description
Imagem de página de rosto da obra “Cultura e Opulência do Brasil por suas Drogas, e Minas”, de autoria de André João Antonil. Impressa em Lisboa, na Oficina Real Deslandesiana, no ano de 1711. Trata-se de um dos mais relevantes registros da economia colonial brasileira do século XVIII, com descrições detalhadas sobre a produção de açúcar, tabaco, mineração de ouro e as “drogas do sertão”. A edição é dedicada a José de Anchieta e contém emblema com o lema “Semper Honore Meo”.
O livro foi publicado em Lisboa, em 1711, pela Oficina Real Deslandesiana, com as licenças eclesiásticas e régias necessárias para sua impressão. No entanto, foi rapidamente proibido e recolhido pela Coroa Portuguesa, por conter descrições minuciosas demais sobre as riquezas da colônia — especialmente o funcionamento dos engenhos de açúcar, o cultivo do tabaco, a mineração do ouro e o comércio das chamadas “drogas do sertão”. As autoridades temiam que tais informações servissem a nações rivais ou incentivassem o contrabando e a cobiça estrangeira.
A obra surgiu em um momento decisivo para o Brasil colonial: o ciclo da mineração estava em ascensão, a economia açucareira ainda era vigorosa e a escravidão era o eixo central da produção. Antonil descreveu não apenas os métodos técnicos de plantio, beneficiamento e extração, mas também a organização do trabalho escravizado, a administração das fazendas e as estratégias de controle social empregadas pelas elites coloniais.
Seu texto reflete a visão jesuítica do mundo, combinando observação prática, preocupação com a moral católica e defesa de um sistema econômico organizado. Ao mesmo tempo, revela o papel estratégico que os jesuítas desempenhavam como gestores de fazendas, missões e conhecimento técnico no interior da colônia.